sexta-feira, 14 de agosto de 2015

“Quatro Cavaleiros do Apocalipse”



Estátuas em bronze e em tamanho natural, que homenageiam os chamados “Quatro Cavaleiros do Apocalipse”: Fernando Tavares Sabino, Hélio Pellegrino, Otto de Oliveira Lara Resende e Paulo Mendes Campos.
As estátuas foram criadas pelo artista plástico Léo Santana e intituladas Encontro Marcado. A data de inauguração em 11 de outubro foi escolhida para registrar o dia de falecimento do poeta Fernando Sabino.
Atualmente, as estatuas encontram-se situadas na entrada da Biblioteca Pública Estadual Professor Luiz de Bessa, e registram uma prosaica cena dos autores mineiros. Fernando Sabino e Otto Lara estão sentados num banco, enquanto Hélio Pellegrino e Paulo Mendes Campos estão em pé, ao lado dos primeiros.
Fernando Sabino (1923-2004) nasceu em Belo Horizonte. Em 1941, publicou o seu primeiro livro, “Os grilos não cantam mais”. Seu livro de maior sucesso foi “O Encontro Marcado” (1956), traduzido em vários idiomas e diversas vezes reeditado no Brasil. Também escreveu as novelas “A marca” (1944) e “A vida Real” (1952) e as crônicas “A cidade vazia” (1950), “O homem nu” (1960) e “A companheira de viagem” (1965).
Paulo Mendes Campos (1922-1991) também é belo-horizontino. Foi redator dos jornais Correio da Manhã e Diário Carioca. Em 1951 lançou o primeiro livro, “A palavra escrita”, e logo depois “Hora do recreio”.
Otto Lara (1922-1988) nasceu em São João del-Rei, Minas Gerais, e iniciou suas atividades literárias escrevendo artigos de crítica. Dedicou-se ao jornalismo, como repórter do Diário de Notícias e O Globo, além de ser redator de vários jornais e da revista Manchete. Escreveu os contos “O lado humano” (1952) e mais tarde “Boca do inferno” (1957).
Hélio Pellegrino, (1924-1988) nasceu na capital mineira. Escreveu seus primeiros poemas na revista católica “A ordem” (1939) e mais tarde editou o jornal clandestino Liberdade. Foi um dos fundadores da União Democrática Nacional (UDN). 
(Foto: Vander Bras / Acervo PBH)
http://www.belohorizonte.mg.gov.br/bh-primeira-vista/arquitetura/estatuas-do-encontro-marcado

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

A Flor e a Náusea - Carlos Drummond de Andrade

A Flor e a Náusea
Preso à minha classe e a algumas roupas, vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias, espreitam-me.
Devo seguir até o enjoo?
Posso, sem armas, revoltar-me?
Olhos sujos no relógio da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse.
Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.
Vomitar este tédio sobre a cidade.
Quarenta anos e nenhum problema
resolvido, sequer colocado.
Nenhuma carta escrita nem recebida.
Todos os homens voltam para casa.
Estão menos livres mas levam jornais
e soletram o mundo, sabendo que o perdem.
Crimes da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa.
Os ferozes padeiros do mal.
Os ferozes leiteiros do mal.
Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Com ele me salvo
e dou a poucos uma esperança mínima.
Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.
Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.
Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

domingo, 2 de agosto de 2015

LINGUAGEM, LÍNGUA E ESCRITA

CONCEPÇÃO COGNITIVA:

1 - É a utilização do código para falar dele mesmo
Ex.: Uma pessoa falando do ato de falar.
É a função que ocorre quando o destaque é dado ao código, numa situação em que um linguista define a língua.

2 - É uma expressão que esta relacionada com o processo de aquisição de conhecimento (cognição)
               * Pensamento
Fatores:  * Linguagem
               * Percepção
               * Memória
               * raciocínio


POLISSEMIA:

É o fato de uma determinada palavra ou expressão e adquirir novo sentido.


Era do Blues e Rock'n Roll com talento de Muddy Waters.




E assim tudo  começou -  a partir da década de 70 e faleceu em 1983, deixando uma nova era de jovens a seguir os passos do Muddy Waters.

"Muddy nasceu em Rolling Fork, no Mississipi e veio a aprender a tocar violão com 17 anos sendo, até então, influenciado por dois grandes nomes do Delta Blues, Robert Johnson, o mito, e Son House, um dos maiores músicos do gênero. McKinley Morganfield era seu nome verdadeiro, pois que Muddy Waters viria a se tornar o nome artístico do bluseiro, nome que lhe deu a honra de se tornar um dos mais famosos músicos de Blues da história. Após a Segunda Guerra, mudou-se para Chicago, seguindo muitos outros negros da área rural.

Diz-se também do homem que primeiramente tocou de forma brilhante uma guitarra elétrica, inspirando novos artistas que viriam após seu tempo, como Jimi Hendrix, Santana, Rolling Stones e outros. Mudou-se para a Inglaterra pois na América do Norte já pouco se valorizava o R&B. Na Inglaterra foi semente para bandas de rock n roll que surgiam no começo dos anos 60 e até mesmo 70. É verdade que a banda Rolling Stones foi nomeada com o nome de uma das maiores musicas de Muddy, assim como a famosa Like A Rolling Stone de Bob Dyalan se tornaria mito na era Beatnik.

Muddy Waters foi unanimidade no Blues da década de 40 e 50 fazendo as gravações de Gypsy Woman, Rolling Stone, Walking Blues, Mannish Boy, They Call Me Muddy Waters e a grande Baby Please don’t go, já gravada por AC/DC, Budgie, Paul Butterfield Blues Band, Howlin Wolf e recentemente gravada pelo Aerosmith"
http://whiplash.net/materias/biografias/039057-muddywaters.html

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

ORGANOGRAMA – ESCRITORES

                             ORGANOGRAMA – ESCRITORES 











    

É COMO OUVIR MÚSICA

É como ouvir música

Se os jovens não gostam de ler é porque nunca ouviram a leitura feita por um possuído
Rubem Alves
 
Rubem Alves
Ela me olhou e disse: "Encontrei um lindo poema em Fernando Pessoa". Fiquei contente, gosto muito de Fernando Pessoa. Aí ela começou a ler. Epa! Senti-me mal. As palavras estavam certas, mas ela tropeçava, parava onde não devia, não tinha ritmo nem música. Não, aquilo não era Fernando Pessoa, embora as palavras fossem suas. Senti o mesmo que já sentira em audições de alunos principiantes. Percebi, então, que a arte de ler é exatamente igual à arte de tocar piano - ou qualquer outro instrumento.
Como é que se aprende a gostar de piano? O gostar começa pelo ouvir. É preciso ouvir o piano bem tocado. Há pianistas que já nascem com o piano dentro deles. O piano é uma extensão dos seus corpos.  E há os "pianeiros", como eu, que me esforcei sem sucesso para ser pianista. Diferentes dos pianistas, os "pianeiros" têm o piano do lado de fora. Esforçam-se para pôr o piano do lado de dentro, mas é inútil. As notas se aprendem. Mas isso não é o bastante. Os dedos esbarram, erram, tropeçam - e aquilo que deveria ser uma experiência de prazer se transforma numa experiência de sofrimento para quem ouve e para quem toca. Um pianista, quando toca, não pensa nas notas. A partitura já está dentro dele. Ele se encontra num estado de "possessão". Nem pensa na técnica, é um problema resolvido. Ele simplesmente "surfa" sobre as teclas seguindo o movimento das ondas.
Pois é assim que se aprende o gosto pela leitura: ouvindo-se o artista - o que lê - interpretar o texto. Uso a palavra "interpretar" no sentido artístico, teatral. O "intérprete" é o possuído. É ele que faz viver seja a partitura musical silenciosa, seja o texto teatral ou poético, silencioso na imobilidade da escrita. Disse Shakespeare no 2o ato de Hamlet: "Não é incrível que um ator, por uma simples ficção, um sonho apaixonado, amolde tanto a sua alma à imaginação, que todo se lhe transfigura o semblante, por completo o rosto lhe empalideça, lágrimas vertam dos seus olhos, suas palavras tremam, e inteiro o seu organismo se acomode a essa mesma ficção?". Se os jovens não gostam de ler é porque não tiveram a experiência de ouvir a leitura feita por um possuído.
 Há de se dominar a técnica da leitura como se domina a técnica do piano. Acontece que o domínio da técnica é cansativo e freqüentemente aborrecido. Antigamente, o aprendiz de piano tinha de gastar horas nos monótonos exercícios de mecanismo do Hannon. Mas mesmo os grandes pianistas que já dominaram os essenciais da técnica têm de gastar tempo e atenção debulhando as passagens complicadas que não podem ser pensadas ao ser tocadas.
Mas só têm paciência para suportar o aborrecido da técnica aqueles que foram fascinados pela beleza da música. Estuda-se a técnica por amor à interpretação, que é o evento orgiástico de possessão. Por isso tenho sugerido a escolas e prefeituras que promovam "Concertos de leitura" para seduzir os ouvintes à beleza da leitura. Não custam nada. Uma única coisa é necessária: o artista, o intérprete... Um concerto de leitura poderia organizar-se assim: Primeira parte: Poemas da Adélia Prado. É impossível não gostar dela... Segunda parte: "O afogado mais lindo do mundo", conto de Gabriel García Márquez. Terceira parte: Haicais de Bashô. Todo mundo gostaria e sairia decidido a dominar a arte da leitura.

Rubem Alves - Educador e escritorrubem_alves@uol.com.brFONTE: http://revistaeducacao.uol.com.br/textos